Narcisistas, Macacos Voadores e a Armadilha do Falso Arrependimento

Nos grupos de vítimas de narcisistas, é comum ver relatos de pessoas que decidiram se afastar do abusador, mas que continuam sendo assombradas pelas táticas manipulativas dele. Entre essas táticas, uma das mais comuns é o uso dos chamados macacos voadores.

Os macacos voadores são pessoas que, consciente ou inconscientemente, servem de instrumentos para o narcisista continuar exercendo controle sobre a vítima. São parentes, amigos ou até conhecidos que aparecem do nada com mensagens carregadas de culpa: "Ela sente sua falta!", "Ela só quer conversar!", "Ela está doente, e você não vai nem ligar para saber como ela está?". Muitas vezes, os macacos voadores nem percebem que estão sendo usados; acreditam genuinamente na versão da história contada pelo narcisista e tentam convencer a vítima a reabrir a porta para o ciclo de abuso.

Mas o que acontece quando a vítima se recusa a ceder? O narcisista, ao perceber que a manipulação direta não está funcionando, se lança em uma nova estratégia: a performance do arrependimento. As mensagens começam a chegar, cheias de tristeza e saudade. A mesma mãe que um dia desdenhou da filha agora aparece com palavras doces, lamentando a distância, pedindo uma chance de consertar tudo. E, para muitas filhas, essa é a armadilha mais difícil de resistir.

Afinal, o narcisista conhece suas presas. Ele sabe que a vítima deseja, no fundo, ser reconhecida, amada e valorizada. Então, ele finge oferecer exatamente isso — só para puxá-la de volta para o jogo.

A pergunta que muitas fazem nesses momentos é: E se ela estiver falando sério?

A resposta está na história passada. Narcisistas raramente mudam, porque não veem problema no que fazem. Se o comportamento abusivo foi uma constante, não há motivo para acreditar que, de repente, surgiu um arrependimento genuíno. Mais provável é que seja apenas uma nova tentativa de retomar o controle.

E os macacos voadores? Quando a vítima não cede, eles podem se transformar. Antes, vinham com palavras gentis. Depois, com acusações: "Você é ingrata!", "Ela fez tanto por você!", "Ela pode morrer sem te ver de novo, e a culpa será sua!". A manipulação emocional muda de forma, mas o objetivo é sempre o mesmo: quebrar a resistência da vítima.

Saber disso ajuda a manter o foco. O narcisista pode chorar, pode implorar, pode usar intermediários ou apelar para a culpa, mas a vítima precisa lembrar que seu bem-estar vem primeiro. Cortar o contato não é crueldade; é autopreservação.

E quando bate a dúvida, um lembrete simples: se o arrependimento fosse verdadeiro, teria vindo acompanhado de mudança — e não de mais manipulação.


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